Brittney Griner, a renomada basquetebolista americana, abriu o seu coração numa reveladora entrevista onde detalhou os terríveis momentos vividos durante a sua detenção na Rússia. Detida em fevereiro de 2022 por portar cartuchos de óleo de canábis no aeroporto de Moscou, Griner enfrentou condições desumanas que a levaram a considerar o suicídio.
Na sua narrativa, que antecipa o lançamento do seu livro “Coming Home” (“Voltar a Casa”), Griner descreve as condições precárias da prisão russa onde esteve confinada. “Por vezes não recebíamos papel higiénico. A pasta de dentes estava fora de prazo. Não cabia na cama, as minhas pernas ficavam de fora,” relatou a atleta sobre os dias antes do julgamento que a condenou a nove anos de prisão.
Após a condenação, foi transferida para a colónia penal IK2 no norte da Rússia, onde as condições eram ainda mais severas. “É um campo de trabalho, não há descanso,” contou Griner. A descrição do ambiente prisional é chocante: sujeira, pó, manchas de sangue e fezes por todo o lado eram a realidade diária da jogadora, que foi forçada a usar uma da suas camisolas como papel higiénico.
A experiência traumática levou Griner a um estado de desespero extremo. “Nas primeiras semanas [detida], quis suicidar-me mais do que uma vez. Só queria acabar com aquilo,” confidenciou Griner, expressando o profundo impacto psicológico que a detenção teve sobre ela.
Durante a detenção, foi-lhe também imposto escrever uma carta ao presidente russo Vladimir Putin, pedindo perdão e agradecendo ao “chamado grande líder”, uma situação que Griner descreveu como particularmente humilhante e dolorosa.
Após um acordo diplomático entre os EUA e a Rússia, que envolveu a troca de Griner pelo traficante de armas russo Viktor Bout, a jogadora foi finalmente liberta e retornou aos EUA em 2023. Desde então, Griner retomou a sua carreira nas Phoenix Mercury e decidiu não jogar mais no estrangeiro, marcando um novo capítulo na sua vida focado na recuperação e no ativismo.
A história de Griner é um testemunho pungente das duras realidades enfrentadas por cidadãos detidos no exterior e ressalta a importância de discussões contínuas sobre direitos humanos e justiça internacional.
Veja a entrevista: