Os portugueses estão cada vez mais dependentes de crédito para sustentar o consumo, com números alarmantes a revelar uma tendência de endividamento crescente. Os últimos dados do Banco de Portugal, divulgados nesta sexta-feira, mostram que os empréstimos ao consumo subiram impressionantes 5,3% em setembro, o maior aumento anual desde 2018! Esta escalada coloca a dívida ao consumo num total de 30,1 mil milhões de euros, um valor assustadoramente elevado que cresceu 178 milhões apenas de agosto para setembro.
O regulador indica que o crédito ao consumo é o grande protagonista deste crescimento, com uma variação anual de 7,7%. Já os empréstimos para “outros fins” registaram uma expansão mais modesta, de 2,7%, ainda assim, notável. No entanto, são os cartões de crédito que deixam um alerta vermelho: apesar de representarem “apenas” 3,2 mil milhões de euros, a sua taxa de crescimento anual chegou aos 10,6%, o maior aumento entre todas as formas de crédito.
Os portugueses também não poupam no crédito pessoal e automóvel. O valor de empréstimos pessoais atingiu os 12,5 mil milhões de euros, um aumento de 7,1% em relação a setembro do ano passado. O crédito automóvel, por sua vez, cresceu 9,2% anualmente, totalizando 8,2 mil milhões de euros em setembro.
Este aumento no crédito pode sinalizar uma possível inversão da tendência de abrandamento do consumo privado, que o Instituto Nacional de Estatística (INE) observou no segundo trimestre. Se, no início do ano, o consumo privado parecia estar a desacelerar, agora os sinais apontam para uma aceleração, com uma variação anual de 1,5% no segundo trimestre de 2023, face a 0,6% no trimestre anterior.
Outro dado que chama atenção é o aumento dos empréstimos à habitação, que chegaram a 100,8 mil milhões de euros, o valor mais alto desde 2015. Este crescimento de 1,7% em termos homólogos mostra que o apetite dos portugueses pelo crédito imobiliário segue forte, mantendo uma trajetória de aceleração constante desde janeiro deste ano.
Com o crédito ao consumo em níveis tão altos, os analistas alertam para os riscos de um endividamento insustentável, num momento em que as incertezas económicas pressionam os rendimentos familiares. Resta saber se esta explosão de crédito é um sinal de recuperação económica ou um prenúncio de dificuldades futuras para as famílias portuguesas.