Cinco anos depois de uma estreia fulgurante e uma queda abrupta, Bruno Lage prepara-se para uma nova aventura ao leme das águias. Em 2019, o jovem treinador, recém-promovido da equipa B, enfrentava uma missão quase impossível: tirar o Benfica do 4.º lugar e conquistar o título. E fê-lo com um final de época extraordinário. Mas, desta vez, o cenário é diferente. O regresso à Luz está carregado de expectativas, mas também de memórias amargas de um descalabro que começou com promessas de glória e terminou com despedidas dolorosas.
Um início heróico: de quase derrotado a salvador da pátria
Em janeiro de 2019, Bruno Lage estreava-se num jogo contra o Rio Ave, e tudo parecia desmoronar. Aos 20 minutos, o Benfica perdia por 2-0 em casa. Um pesadelo para qualquer treinador no seu primeiro jogo, ainda mais com a pressão de suceder a Rui Vitória. Mas Lage transformou o pesadelo em conto de fadas. Seferovic e João Félix bisaram, e o Benfica virou o resultado para 4-2, acendendo a chama da “reconquista”.
Seguiram-se nove vitórias consecutivas e uma jornada épica no Estádio do Dragão, onde o Benfica destronou o FC Porto. Lage precisou de apenas nove jornadas para transformar uma desvantagem de sete pontos em liderança, levando o Benfica ao topo e, eventualmente, ao título de campeão.
Da glória à queda: o início do fim com sabor amargo de pandemia
Mas o conto de fadas não durou. Após renovar contrato e golear o Sporting por 5-0 na Supertaça, o Benfica parecia imparável. Contudo, a derrota contra o FC Porto e os desaires na Liga dos Campeões deixaram sinais de que algo não estava bem. Mesmo assim, os encarnados chegaram à 19.ª jornada com uma vantagem de 7 pontos sobre os dragões. Mas, em fevereiro, o castelo começou a ruir: derrotas frente ao FC Porto e ao Braga, seguidas de empates e, finalmente, o choque global da pandemia de Covid-19.
O regresso após a pausa foi desastroso. Empates, mais derrotas e uma pressão crescente culminaram num desfecho inevitável: Bruno Lage despedido após apenas duas vitórias em 13 jogos. O treinador que outrora era visto como o herói da “reconquista” foi rapidamente afastado do comando técnico.
O desafio agora: redenção ou repetição do descalabro?
Agora, com Roger Schmidt fora de cena, Bruno Lage tem uma segunda chance. Mas o que será diferente desta vez? O cenário em que Lage herda o Benfica é menos dramático do que em 2019: 7.º lugar na tabela, mas com apenas 5 pontos de desvantagem para o líder Sporting e 30 jogos por jogar. Mas a sombra do passado ainda paira.
A estreia será irónica: Santa Clara, o clube que praticamente selou a sua saída em 2020, é também o adversário contra quem Lage vai, novamente, iniciar a sua caminhada. Será que ele conseguirá reescrever a história e trazer nova glória ao Benfica, ou o regresso à Luz será apenas uma repetição dolorosa do fim trágico de outrora?
A resposta está em campo, e a pressão nunca foi tão alta.