O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) e líder do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, é acusado de ter ocultado rendimentos de 39,5 milhões de euros ao Fisco, conforme revelado pelo “Correio da Manhã” (CM). A informação consta dos autos do processo principal do caso BES/GES, que está atualmente em julgamento.
De acordo com o jornal, Salgado aproveitou três regimes de regularização tributária, mais conhecidos como perdões fiscais, para declarar cerca de 34,2 milhões de euros que mantinha fora de Portugal. No entanto, não reportou 5,3 milhões de euros de rendimentos obtidos no estrangeiro entre 2008 e 2014, valores que estariam ligados a três sociedades offshore do GES, incluindo a Enterprises Management Services, que, segundo o Ministério Público, teria atuado como uma espécie de “saco azul” para o grupo.
Pelos valores declarados nos regimes de regularização, Salgado pagou cerca de 2,37 milhões de euros em impostos. Contudo, a omissão dos 5,3 milhões de euros recebidos no exterior expõe mais um capítulo das práticas alegadamente ilícitas do ex-banqueiro.
Julgamento Histórico e Acusações Graves
Ricardo Salgado é o principal arguido no caso BES/GES, respondendo em tribunal por um total de 62 crimes, que teriam sido cometidos entre 2009 e 2014. Entre as acusações estão crimes de associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, infidelidade, manipulação de mercado, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
Além de Salgado, outros 17 indivíduos estão a ser julgados, incluindo figuras de alto escalão como Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva e Isabel Almeida. Empresas ligadas ao GES, como Rio Forte Investments e Espírito Santo Irmãos, SGPS, também são arguidas.
O Impacto Devastador
O colapso do GES causou estragos financeiros massivos, com o Ministério Público estimando prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros. O caso continua a ser um dos maiores escândalos financeiros de Portugal, com consequências que afetaram profundamente o sistema bancário e a economia do país.
Com o processo em curso, a investigação continua a revelar a magnitude das alegações contra Salgado e os seus associados, deixando a pergunta de como este drama financeiro terminará para o ex-líder do BES.