Num movimento sem precedentes desde o início do conflito na Ucrânia em 2022, um tribunal russo determinou a detenção de um dos vice-ministros da Defesa, Sergei Ivanov, sob suspeitas de corrupção. Detido pela principal agência de segurança russa, a FSB, Ivanov é acusado de aceitar subornos significativos relacionados com contratos do Ministério da Defesa.
A prisão ocorreu em pleno local de trabalho de Ivanov, com o Tribunal Distrital de Basmanny em Moscovo a ordenar que permaneça em custódia até 23 de junho. Vestido com o uniforme militar e visivelmente contrariado, Ivanov foi filmado numa cela de vidro durante a sua apresentação em tribunal. As autoridades alegam que o vice-ministro conspirou com terceiros para cometer crimes organizados relacionados com contratos e subcontratos do ministério.
Este caso tem provocado um turbilhão de especulações sobre lutas internas no seio do elite russa e um possível endurecimento na luta contra a corrupção, uma praga longa do exército russo pós-soviético. O escândalo ganha contornos ainda mais dramáticos ao envolver um aliado próximo de Sergei Shoigu, Ministro da Defesa encarregado por Vladimir Putin de liderar a guerra na Ucrânia, sugerindo uma possível instabilidade na cúpula do poder russo.
O Presidente Putin foi informado, e Shoigu também, aumentando as conjecturas sobre as repercussões deste caso para o ministro da Defesa. A detenção de Ivanov, encarregado de gestão de propriedades, habitação, construção e hipotecas desde 2016, revela-se um golpe duro para a imagem do governo, especialmente em tempo de guerra.
A cobertura estatal da detenção sugere uma tentativa de mostrar ação contra a corrupção, possivelmente para apaziguar críticos e a população que se mostra cada vez mais insatisfeita com a elite governante. Ivanov enfrenta uma pena de até 15 anos se for condenado, num julgamento que certamente será acompanhado de perto tanto nacional quanto internacionalmente, dada a sua posição e as sombras que agora se projetam sobre o governo russo.