Numa revelação que abalou as estruturas políticas e pessoais, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, teria cortado relações com o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, devido a um caso polémico envolvendo um tratamento milionário a gémeas luso-brasileiras no Hospital de Santa Maria. O caso veio à tona por intermédio do jornal Público e foi intensamente reportado pelo Correio Braziliense.
Marcelo, visivelmente abalado pelo comportamento do filho que vive no Brasil, expressou indignação e distanciamento: “Ele sabe que eu tenho um cargo público e político, e pago por isso. Há coisas piores na vida. Não sei se ele vai ser responsabilizado, não me interessa”, disse o presidente a jornalistas estrangeiros. A contenda familiar teria levado Marcelo a passar o último Natal isoladamente, longe dos netos.
O afastamento começou a ganhar forma quando Marcelo descobriu que Nuno tentava usar a influência paterna para marcar pontos com políticos brasileiros, numa reunião que Nuno organizou sem o conhecimento do pai. Marcelo, ao descobrir, optou por cortar relações, antevendo conflitos de interesse. “Isso veio poucos meses antes das gémeas, o que mostrou o acerto da minha decisão [de romper com o Nuno]”, revelou o presidente.
A situação escalou quando Nuno tentou usar a influência do pai para acelerar processos médicos das gémeas brasileiras, coincidindo com um momento delicado da saúde de Marcelo, que estava prestes a ser operado ao coração. Apesar dos esforços de Nuno, a Casa Civil recusou interferir, exacerbando a tensão entre pai e filho.
O episódio, ocorrido inicialmente em 2019, ganhou contornos públicos em novembro de 2023, exacerbando um período já conturbado para a política portuguesa, com a demissão do então primeiro-ministro António Costa. Marcelo descreve esse período como “chato”, revelando que ele e Costa encontravam consolo mútuo nas adversidades enfrentadas.
Este drama familiar e político representa não apenas uma crise pessoal para o presidente, mas também um potencial risco para a sua imagem pública e integridade política, levantando questões sobre os limites entre as relações pessoais e o dever público no mais alto escalão do governo português.