Os portugueses veem os clubes de futebol como as entidades mais expostas à corrupção, seguidos de perto por partidos políticos e autarquias, de acordo com o mais recente relatório da Fundação Francisco Manuel dos Santos. O estudo revela que o combate à corrupção é amplamente considerado ineficaz, com responsabilidades distribuídas por várias esferas da sociedade.
Futebol e Política no Topo do Escândalo
Segundo o Barómetro da Corrupção, os clubes de futebol são percecionados como os mais corruptos, com uma pontuação de 8,1 numa escala de 0 a 10. Logo atrás estão os partidos políticos e as autarquias, com uma média de 7,5. A classe política e os empresários também são apontados como os principais atores deste fenómeno, sendo que os posicionados mais à direita expressam maior desconfiança.
Incapacidade de Combater a Corrupção: Uma Sentença Popular
Mais de metade dos inquiridos (51,6%) considera o combate à corrupção em Portugal “nada eficaz”, enquanto apenas 13% acredita que as ações são “totalmente eficazes”. Curiosamente, os inquiridos com maior nível de instrução são os mais críticos em relação à eficácia das medidas anticorrupção.
A Justiça Sob Fogo: Megaprocessos e Burocracia em Excesso
O estudo destaca que os problemas da justiça no combate à corrupção estão relacionados com megaprocessos demasiado complexos e com uma excessiva possibilidade de recurso, apontados como os principais entraves à punição efetiva. Apenas uma pequena minoria vê o Governo ou os tribunais como os maiores responsáveis pela ineficácia.
Corrupção e o Cotidiano dos Portugueses
Quando perguntados sobre o impacto da corrupção nas suas vidas, quase metade dos portugueses considera que não foram mais ou menos afetados no último ano. No entanto, 29,6% afirma ter sido “mais afetada” pela corrupção, refletindo o efeito que este fenómeno continua a ter na sociedade.
A Política: Uma Profissão Perigosa para a Honestidade?
Os participantes também revelam uma visão pessimista sobre a política em Portugal, afirmando que atrai principalmente indivíduos em busca de benefícios pessoais. Mesmo pessoas inicialmente honestas, segundo os inquiridos, acabam por ser corrompidas ao assumirem cargos de poder.
Corrupção e a Imprensa: O Sensacionalismo como Obstáculo
O relatório sublinha o papel central da televisão na formação de opiniões sobre corrupção, mas alerta para os efeitos negativos da luta pelas audiências e do sensacionalismo na cobertura mediática do tema.
Este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos levanta sérias preocupações sobre a confiança nas instituições e a forma como a corrupção é percecionada e combatida em Portugal, mostrando que o caminho para restaurar a credibilidade das elites políticas e económicas é ainda longo e desafiante.