A descoberta surpreendente de fragmentos do vírus da gripe aviária em aproximadamente 20% das amostras de leite vendidas nos Estados Unidos lançou uma nova luz sobre a possível amplitude da presença do vírus H5N1 em gado leiteiro americano. Esta revelação, divulgada pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) em 25 de abril de 2024, suscitou preocupações imediatas sobre a segurança do fornecimento de leite comercial, apesar das garantias da FDA de que o leite disponível ao consumidor permanece seguro.
A gripe aviária, uma doença altamente patogênica, demonstrou a capacidade de adoecer vacas, e a detecção do vírus em várias manadas e as novas restrições federais sobre o movimento de vacas leiteiras entre estados estão colocando pressão econômica significativa sobre os agricultores.
Especialistas em doenças infecciosas em bovinos da Universidade da Califórnia, Davis, explicam que a presença de fragmentos virais não indica a presença de partículas virais intactas capazes de causar doenças em humanos. As medidas de segurança do leite comercial incluem o desvio do leite de animais doentes e a pasteurização, que tem se mostrado eficaz na inativação do H5N1.
Estas fragmentações virais foram identificadas através de testes de reação em cadeia da polimerase quantitativa, extremamente sensíveis na detecção de quantidades mínimas de material genético viral. Embora estes fragmentos mostrem que o vírus esteve presente, eles não são um indicativo de que o vírus está biologicamente ativo.
Para avaliar se a presença destes fragmentos corresponde a um vírus capaz de replicar e causar doença, são necessários métodos de teste adicionais, como estudos de viabilidade em ovos embrionados, que estão em curso.
O modo de transmissão do vírus H5N1 para o leite das vacas ainda está sob investigação, mas acredita-se que equipamentos de ordenha contaminados ou outras secreções corporais possam estar envolvidos. A presença do vírus no leite representa desafios significativos para a indústria láctea, exigindo práticas rigorosas de biosegurança e gestão de rebanhos infectados.
Apesar dos desafios, as medidas de monitoramento e segurança alimentar do governo federal, juntamente com a pasteurização, proporcionam garantias importantes para proteger o público contra a exposição potencial ao vírus da gripe aviária através da cadeia alimentar. No entanto, a FDA e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam veementemente o consumo exclusivo de leite e produtos lácteos pasteurizados, devido ao risco representado pelo consumo de leite cru.
Este caso levanta questões vitais sobre a segurança do leite e a resiliência do setor lácteo diante de ameaças virais emergentes, reforçando a necessidade de vigilância constante e adaptação às novas realidades de riscos à saúde.