As tensões globais aumentaram ainda mais nesta quarta-feira, com o aviso firme do enviado norte-americano à ONU, Robert Wood, que deixou claro que as tropas norte-coreanas, se envolvidas na guerra da Ucrânia, “certamente voltarão para casa em caixões”. Esta declaração vem após a confirmação de Washington de que 10.000 soldados norte-coreanos foram enviados para apoiar o esforço militar russo, uma ação que assinala uma aliança militar e política cada vez mais profunda entre Pyongyang e Moscovo.
Aliança Perigosa: Ameaças e Retaliações
O Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reforçou a posição americana, declarando que qualquer soldado norte-coreano que enfrente forças ucranianas se tornará “um alvo militar legítimo”. Ao lado do seu homólogo sul-coreano, Kim Yong-hyun, Austin enfatizou que a entrada de soldados de Pyongyang no conflito poderia transformar drasticamente a guerra em um cenário de co-beligerância com potenciais baixas devastadoras.
Wood foi mais longe, aconselhando Kim Jong-un a “pensar duas vezes antes de se envolver em tal comportamento imprudente e perigoso”, sugerindo que a decisão poderia sair cara ao regime norte-coreano. Este apelo foi acompanhado de uma advertência sombria de que, ao enfrentar as forças ucranianas, os soldados norte-coreanos estariam em um território letal.
Coreia do Norte: Tecnologia Militar em Troca de Tropas?
Kim Yong-hyun, da Coreia do Sul, alertou que a presença de tropas norte-coreanas na Rússia pode escalar ainda mais as tensões na Península Coreana. “Existe uma grande possibilidade de que Pyongyang peça tecnologia avançada de armas nucleares e mísseis em troca de seu apoio militar”, observou Kim, sublinhando os riscos de que essa aliança militar abra caminho para o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais e satélites de reconhecimento.
Apesar das pressões, Kim Yong-hyun manteve a posição da Coreia do Sul de não fornecer armas diretamente para zonas de conflito, uma postura que Seul tem adotado desde o início da guerra na Ucrânia, apesar dos insistentes apelos de Washington e Kiev para uma reconsideração.
A Sombra da Escalada: Mísseis e Movimentos de Tropas
Enquanto as tensões crescem, a Coreia do Norte testou recentemente um míssil balístico intercontinental, atingindo uma altitude recorde de mais de 7.000 km e permanecendo no ar por uma hora e 26 minutos, segundo oficiais japoneses. O teste é um lembrete do poderio militar de Pyongyang, que poderia tornar-se uma ameaça significativa se as trocas tecnológicas com Moscovo se intensificarem.
Informações do Pentágono indicam que já há um pequeno contingente norte-coreano na região de Kursk, na Rússia, a apenas 50 km da fronteira com a Ucrânia. Embora Putin tenha evitado confirmar ou negar oficialmente a presença de soldados norte-coreanos, o enviado russo na ONU, Vassily Nebenzia, classificou as alegações como “mentiras descaradas”, acusando Washington e Londres de espalharem desinformação.
Jogos de Influência: China, Rússia e Coreia do Norte
A movimentação diplomática se intensificou nos bastidores, com o ministro norte-coreano das Relações Exteriores, Choe Son Hui, em Moscovo para diálogos estratégicos com o chanceler russo, Sergei Lavrov. Em paralelo, o principal diplomata da China, Wang Yi, discutiu a crise da Ucrânia com o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia em Pequim, numa aparente tentativa de alinhar as estratégias frente à crescente oposição ocidental.
O clima diplomático é de preocupação e vigilância: enquanto a ONU acompanha com “séria preocupação” as movimentações norte-coreanas na Rússia, a comunidade internacional está em alerta máximo, observando o que pode se tornar um ponto de viragem decisivo na guerra na Ucrânia.