Crise Financeira na Santa Casa: Uma Descida Rumo ao Vermelho
As finanças da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) mergulham numa crise preocupante, com as contas a revelarem um défice alarmante de 30 milhões de euros em relação ao orçamentado. A instituição, conhecida pelo seu papel fundamental na assistência social em Lisboa, enfrenta uma situação financeira que poderá comprometer a sua capacidade de cumprir com a sua missão assistencialista.
Em julho, a dívida da Santa Casa ascendeu a 27 milhões de euros, enquanto os saldos de tesouraria, que em 2019 registavam um montante saudável de 217 milhões de euros, sofreram uma redução drástica para cerca de 41 milhões em 2022. Esta queda nos saldos de tesouraria é ainda mais dramática face à previsão de que as despesas para 2023 poderão alcançar os 60 milhões de euros negativos.
A gestão das receitas e despesas da instituição tem sido uma montanha-russa, com as receitas provenientes dos jogos a registar uma diminuição significativa, contrariando as expectativas de crescimento de 10% para este ano, previstas por Ana Jorge, atual ministra do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade. Este desfasamento entre receitas e despesas é atribuído, em parte, ao aumento das remunerações, que representam dois terços do incremento das despesas entre 2020 e 2023, e também a um aumento dos custos com fornecimentos e serviços externos.
Além do mais, a instituição encontra-se num blackout de comunicação com o governo, falhando na entrega de documentos cruciais como as contas do último ano, o relatório do primeiro trimestre de 2024 e um plano de reestruturação que foi supostamente elaborado para endereçar a crise financeira emergente. A ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, numa reunião a 12 de abril com a Provedora Ana Jorge, solicitou estes documentos, mas não os recebeu, nem qualquer justificação para a falta de cooperação.
A situação atual da Santa Casa suscita preocupações profundas sobre a sustentabilidade financeira da instituição e levanta questões sobre a gestão e transparência na administração dos recursos que são vitais para a continuidade dos serviços de apoio e assistência que presta à comunidade.