O Governo decidiu exonerar com efeito imediato toda a administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), incluindo a provedora Ana Jorge. A decisão drástica foi tomada após evidências de incapacidade de gestão face aos sérios problemas financeiros e operacionais que ameaçam a sustentabilidade da instituição, segundo um comunicado emitido esta segunda-feira pela Presidência do Conselho de Ministros.
No comunicado, o Governo detalha que as falhas da administração incluem a ausência de medidas eficazes após a deteção de uma iminente rutura de tesouraria em junho do ano passado, e a falta de um plano estratégico para enfrentar a diminuição significativa das receitas dos Jogos Sociais, principal fonte de rendimento da SCML. Além disso, a administração mostrou-se ineficaz na gestão da exposição à atividade internacional, que se revelou prejudicial.
“Não foi apresentado um plano estratégico ou de reestruturação, nem um plano para fazer face às fortes quebras sentidas pela diminuição das receitas provenientes dos Jogos Sociais”, assinala o documento, criticando também a falta de diligência da Mesa para resolver a situação financeira grave e os riscos de insustentabilidade da instituição.
A decisão do Governo surge no contexto de uma série de alertas sobre a redução significativa da atividade de ação social da SCML em território nacional e a incapacidade demonstrada pela Mesa cessante em prestar informações solicitadas pela tutela em tempo útil. Segundo a SIC, os membros da Mesa cessante não receberão qualquer indemnização, uma vez que a exoneração ocorreu três dias antes de completarem um ano no cargo.
O comunicado do Governo sublinha que a capacidade da SCML de apoiar os mais vulneráveis e a confiança que a população deposita na instituição estavam sendo comprometidas pela gestão da Mesa.
Esta tarde, após a notícia do Público sobre o pedido urgente do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social por um plano de reestruturação da SCML, veio a confirmação da exoneração da administração. Ana Jorge, que tinha assumido a posição a 1 de maio de 2023, e os vogais Nuno Miguel Alves, Teresa do Passo, Sérgio Cintra e João Correia foram afastados, enquanto a vice-presidente Ana Vitória Azevedo já se tinha demitido anteriormente.
Esta mudança radical na liderança da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa representa um momento crítico para a instituição, que agora procura uma nova direção capaz de restaurar sua estabilidade financeira e eficácia operacional.