Um memorando interno do Departamento de Estado dos EUA, revisto pela Reuters, expõe uma divisão significativa entre os funcionários sobre a utilização de armamento americano por Israel. Alguns questionam a fiabilidade das garantias israelitas de que estão a respeitar o direito humanitário internacional nos seus ataques em Gaza, sugerindo que as ações militares podem violar normas internacionais. Estas preocupações surgem em contraste com as opiniões de outros funcionários que apoiam as declarações de Israel, alegando implicações geopolíticas, como ameaças de retaliação por parte do Irão.
O secretário de Estado Antony Blinken encontra-se perante o desafio de apresentar até 8 de maio um relatório ao Congresso, conforme exigido por um Memorando de Segurança Nacional emitido pelo Presidente Joe Biden. Este relatório avaliará a credibilidade das garantias de Israel e poderá determinar o futuro do apoio militar dos EUA ao país.
Várias divisões do Departamento de Estado levantaram “sérias preocupações quanto ao não cumprimento” das leis internacionais por parte de Israel, citando exemplos de ataques a locais protegidos e infraestruturas civis, além de uma desproporção alarmante entre os danos civis e os benefícios militares obtidos, que colocam em causa a legitimidade das operações israelitas em Gaza.
Ainda assim, o gabinete de Assuntos Políticos e Militares, responsável pela assistência militar e transferências de armas dos EUA, advertiu que a suspensão do fornecimento de armas poderia limitar a capacidade de Israel de enfrentar ameaças externas e exigiria uma reavaliação das vendas futuras para outros países na região.
À medida que se aproxima a data limite para a entrega do relatório, as deliberações continuam entre as várias divisões do Departamento de Estado, refletindo o dilema enfrentado pelos EUA em equilibrar interesses estratégicos com o compromisso para com os direitos humanos.
O memorando ainda menciona a contribuição da USAID, que destaca que o “assassinato de quase 32.000 pessoas”, das quais estima-se que dois terços sejam civis, “pode muito bem constituir uma violação dos requisitos do direito humanitário internacional”, exacerbando as preocupações sobre as ações de Israel.
Esta situação coloca pressão sobre Biden, que, embora tenha resistido até agora aos apelos para impor condições ao fornecimento de armas a Israel, ameaçou pela primeira vez adotar medidas concretas se não forem tomadas ações para melhorar a situação humanitária em Gaza. A decisão pendente sobre o relatório não só influenciará a política externa dos EUA em relação a Israel mas também poderá redefinir as dinâmicas de poder na região.