José Mourinho, o icônico técnico de futebol, disparou críticas contundentes contra as responsabilidades excessivas que lhe foram impostas na Roma, revelando seu anseio por um retorno às suas raízes como treinador focado apenas na performance dentro das quatro linhas. Em uma entrevista reveladora ao jornal britânico ‘The Telegraph’, Mourinho delineou uma imagem clara do que espera de seu futuro, distanciando-se das polêmicas extracampo que frequentemente o acompanharam em Roma.
Atualmente livre de compromissos com clubes, Mourinho expressou sua frustração por ser frequentemente colocado em posições que o obrigavam a ser mais do que um treinador. Ele relata que seu papel muitas vezes se estendia para ser o rosto do clube em conferências de imprensa, especialmente em situações adversas, como após a derrota na final da Liga Europa. “Acham que fiquei feliz por ser o rosto do clube que foi à conferência de imprensa para falar sobre estes acontecimentos? Não, detestei ir”, desabafou o técnico.
Descrevendo seu trabalho ideal, Mourinho se identifica como um “treinador principal”, um profissional focado exclusivamente em treinar, formar jogadores e preparar jogos. Ele destaca que esta deveria ser a essência de sua carreira, ao invés de ser empurrado para a esfera da comunicação e gestão de crises, áreas que ele acredita diluir suas verdadeiras competências.
Mourinho também abordou os comentários sobre sua ausência em clubes de ponta nos últimos anos, explicando que sua intenção nunca foi se limitar a equipes que já estão configuradas para vencer. “Não é que eu tenha medo de empregos em clubes que não sejam ‘feitos para ganhar’. Quando alguns [treinadores] atingem um certo nível, talvez digam: ‘Só vou ter empregos feitos para ganhar’. A minha função é tentar transformar os clubes em clubes ‘feitos para ganhar'”, afirmou, ressaltando sua capacidade de elevar o nível dos clubes que treina.
Finalmente, Mourinho apelou por uma estrutura profissional que o permita concentrar-se em seu papel como treinador. “Deem-me uma estrutura profissional em que eu seja apenas o treinador principal, porque é nisso que sou bom. As pessoas dizem que sou bom a comunicar. Muitas e muitas vezes dizemos as coisas erradas. Sobretudo quando se comunica três ou quatro vezes por semana. A estrutura de um clube empurra-me na direção errada quando me pede isso”, concluiu.
Esta entrevista não apenas ressalta o desejo de Mourinho por uma volta ao básico, mas também agita o mundo do futebol com suas palavras diretas e o desejo palpável de mudança, sinalizando um novo capítulo na carreira deste renomado treinador.