Num desenvolvimento surpreendente, Patrícia Cerdeira, a recém-nomeada assessora da ministra da Justiça, Rita Júdice, demitiu-se do cargo após menos de oito horas de serviço, envolvida em polêmica devido a críticas previamente expressas contra o Ministério Público e a Polícia Judiciária. As críticas de Cerdeira surgiram no contexto da Operação Influencer, uma investigação que tem abalado o cenário político português e que implicou figuras de alto perfil, incluindo o ex-primeiro-ministro António Costa.
Antes de assumir o cargo na Justiça, Cerdeira já tinha um histórico de envolvimento com o governo de Costa, tendo servido como assessora no Ministério da Administração Interna sob Eduardo Cabrita, e mais tarde no Ministério da Economia, quando António Costa e Silva tomou posse. As suas publicações em redes sociais, onde expressava apoio a Costa e críticas ao Ministério Público — chegando a advertir sobre o “azar” de cair nas mãos desta entidade e comparando suas decisões com as práticas da época da ditadura — foram o estopim para sua saída abrupta.
A demissão de Cerdeira, desencadeada após confronto com o “Correio da Manhã”, marca a segunda baixa no Governo em apenas dois dias, seguindo-se à saída de Patrícia Dantas, adjunta do ministro das Finanças, acusada de um crime de fraude na obtenção de subsídios.
Este episódio sublinha as tensões existentes entre o governo e o sistema de justiça português, realçando o delicado equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade pública, especialmente em cargos de elevada visibilidade e influência.