Em pleno coração de Portimão, durante o encontro dos socialistas europeus, Pedro Nuno Santos, o timoneiro do Partido Socialista, mergulhou em controvérsia ao abordar o caso explosivo das gémeas luso-brasileiras tratadas com o medicamento mais dispendioso do globo, o Zolgensma. Com o Chega a pressionar por uma Comissão de Inquérito, o secretário-geral do PS optou por uma rota de cautela, embora tenha sublinhado a gravidade da situação e a importância de esclarecer todas as dúvidas.
“Estamos perante um dilema que exige clareza total. A confiança do povo nas nossas instituições e serviços é a pedra angular da nossa sociedade. Assim, o PS compromete-se a seguir este caso com olhos de águia, respeitando as investigações que estão a decorrer. A nossa posição será definida pelo grupo parlamentar do PS no momento certo”, declarou Santos, mantendo-se enigmático.
O líder do PS enfatizou que para o partido, é primordial que todos os cidadãos sintam que o acesso aos serviços públicos é equitativo, sem sombra de favorecimentos.
A tensão escalou com André Ventura, líder do Chega, a anunciar a intenção de avançar com um pedido de Comissão de Inquérito Parlamentar, na sequência da divulgação de um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde que apontou falhas no tratamento das gémeas no Hospital de Santa Maria.
O Bloco de Esquerda não ficou à margem, expressando interesse no caso e solicitando acesso ao controverso relatório da IGAS. Mariana Mortágua e Fabian Figueiredo, figuras de proa do Bloco, destacaram que o documento sugere violações dos procedimentos legais no tratamento das irmãs.
O caso, que veio a lume através de uma reportagem da TVI em 2020, envolve o tratamento das gémeas com Zolgensma, avaliado em cerca de quatro milhões de euros. A situação está sob a lupa da Procuradoria-Geral da República, enquanto o Infarmed garante que agiu de acordo com a lei.
A polémica desencadeou uma série de audições parlamentares, incluindo depoimentos de figuras como a ex-ministra da Saúde Marta Temido e o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo. No entanto, o PS recusou as audições de dois ex-governantes prontos a esclarecer os factos.
Este caso tem incendiado o debate público e colocado à prova a confiança dos portugueses nas instituições e no sistema de saúde do país. O PS, por agora, promete manter-se vigilante, mas compromete-se a acompanhar de perto o desenrolar dos eventos.